As Boas Novas Segundo Lucas 2:1-52
Notas de rodapé
Notas de estudo
César: Ou: “o Imperador”. A palavra grega Kaísar corresponde à palavra Caesar, em latim. (Veja o Glossário.) O nome Augusto em latim significa “o Augusto; o Magnífico”. Esse nome foi usado como título dos imperadores romanos a partir do primeiro imperador, Caio Otávio. O senado romano deu-lhe esse título em 27 AEC, e ele passou a ser conhecido como César Augusto. Foi por causa do decreto dele que se cumpriu a profecia de que Jesus nasceria em Belém. — Da 11:20; Miq 5:2.
a população: Lit.: “a terra habitada”. Em sentido amplo, a palavra grega traduzida como “população” (oikouméne) refere-se às partes da Terra em que há pessoas a morar. (Lu 4:5; At 17:31; Ro 10:18; Ap 12:9; 16:14) No primeiro século EC, essa palavra também era usada para se referir ao enorme território do Império Romano, por onde os judeus tinham sido espalhados. — At 24:5.
se registasse: Augusto decretou que a população deveria registar-se provavelmente porque isso iria ajudá-lo a cobrar impostos e a recrutar homens para o exército. Tudo indica que, ao fazer isso, ele estava a cumprir a profecia de Daniel que falava sobre um governante que faria um “exator passar pelo reino esplêndido”. A profecia também dizia que no lugar desse governante ‘havia de se levantar um desprezado’ e que, durante o governo desse sucessor, aconteceria algo muito importante: “o Líder do pacto”, o Messias, seria “destroçado”, ou seja, seria morto. (Da 11:20-22) Jesus foi executado durante o reinado de Tibério, o sucessor de Augusto.
Quirino [...] governador da Síria: Esta é a única vez que a Bíblia menciona Públio Sulpício Quirino, um senador romano de destaque. Inicialmente, os estudiosos diziam que Quirino só governou a província romana da Síria por um mandato (em 6 ou 7 EC), quando ocorreu uma rebelião por causa de um censo. Como Jesus nasceu antes disso, eles diziam que as informações deste versículo estavam incorretas e questionavam o relato de Lucas como um todo. No entanto, em 1764 foi encontrada uma inscrição que indica fortemente que Quirino governou a Síria duas vezes. Existem também outras inscrições que levaram alguns historiadores a reconhecer que um dos mandatos de Quirino foi no período AEC. Tudo indica que foi durante esse primeiro mandato que ocorreu o primeiro recenseamento, mencionado neste versículo. Além disso, os críticos do relato de Lucas deixam de levar em conta três fatores muito importantes: 1) Ao dizer neste versículo que esse era o “primeiro recenseamento”, Lucas reconhece que houve um segundo. Isso mostra que ele sabia do recenseamento que ocorreu mais tarde, por volta de 6 EC. Esse segundo recenseamento é mencionado pelo próprio Lucas, no livro de Atos (5:37), e pelo historiador Josefo. 2) A cronologia bíblica não dá nenhuma margem para o nascimento de Jesus ter ocorrido durante o segundo mandato de Quirino, mas harmoniza-se perfeitamente com Jesus ter nascido durante o primeiro mandato dele, que ocorreu em algum período entre os anos 4 a 1 AEC. 3) Lucas é conhecido por ser um historiador cuidadoso e viveu na época em que ocorreram muitos dos acontecimentos descritos por ele. (Lu 1:3) Além disso, Lucas foi inspirado pelo espírito santo. — 2Ti 3:16.
subiu da Galileia: Existia uma cidade chamada Belém que ficava a apenas 11 quilómetros de Nazaré, na Galileia. Mas, de acordo com a profecia de Miq 5:2, o Messias viria de “Belém Efrata”. Essa Belém, também conhecida como cidade de David, ficava no sul, na Judeia. (1Sa 16:1, 11, 13) A distância em linha reta entre Nazaré e Belém Efrata é de cerca de 110 quilómetros. Mas a distância real de uma viagem entre as duas cidades, passando por Samaria, talvez chegasse a 150 quilómetros (considerando o trajeto das estradas que existem hoje). O caminho passava por uma região montanhosa e a viagem era muito cansativa, levando vários dias.
primogénito: Isso indica que Maria depois teve outros filhos. — Mt 13:55, 56; Mr 6:3.
manjedoura: A palavra grega fátne, traduzida aqui como “manjedoura”, significa “lugar de alimentação”. Talvez fosse um tipo de comedouro usado para alimentar animais, mas fátne também pode referir-se ao sítio onde os animais ficam. Neste contexto, a palavra parece referir-se a um comedouro, mas a Bíblia não deixa claro se ficava ao ar livre, num local coberto, ou se fazia parte de um sítio onde os animais ficavam.
alojamento: A palavra grega usada aqui também poderia ser traduzida como “sala dos hóspedes”, como foi feito em Mr 14:14 e Lu 22:11.
pastores: Visto que uma grande quantidade de ovelhas era sacrificada regularmente no templo, é bem possível que algumas das ovelhas ao redor de Belém fossem criadas para atender a essa necessidade.
viviam ao ar livre: A palavra grega usada aqui vem de um verbo que combina agrós (“campo”) e aulé (“lugar ao ar livre”). Por isso, essa palavra significa “viver nos campos; viver a céu aberto” e transmite a ideia de passar a noite ao ar livre. Em qualquer época do ano era possível levar ovelhas para pastar durante o dia, mas os pastores estavam a passar as noites ao ar livre com os seus rebanhos. Isso ajuda a saber a época em que Jesus nasceu. Em Israel, a estação das chuvas começa por volta do meio de outubro e dura vários meses. Em dezembro é comum ocorrerem geadas tanto em Belém como em Jerusalém. O facto de pastores estarem nos campos à noite indica que Jesus nasceu antes da estação das chuvas. — Veja o Apêndice B15.
o anjo de Jeová: Veja a nota de estudo em Lu 1:11 e o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:9).
a glória de Jeová: Os dois primeiros capítulos de Lucas contêm muitas referências diretas e indiretas a expressões e passagens das Escrituras Hebraicas que usam o nome de Deus. Nas Escrituras Hebraicas, a expressão para “glória” ocorre juntamente com o Tetragrama mais de 30 vezes. Algumas dessas ocorrências estão em Êx 16:7; 40:34; Le 9:6, 23; Núm 14:10; 16:19; 20:6; 1Rs 8:11; 2Cr 5:14; 7:1; Sal 104:31; 138:5; Is 35:2; 40:5; 60:1; Ez 1:28; 3:12; 10:4; 43:4 e Hab 2:14. — Veja as notas de estudo em Lu 1:6, 9 e o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:9).
que é Cristo: Pelos vistos, o anjo usou o título “Cristo” de modo profético, visto que Jesus só se tornou realmente o Messias, ou Cristo, quando o espírito santo desceu sobre ele no seu batismo. — Mt 3:16, 17; Mr 1:9-11; Lu 3:21, 22.
Cristo, o Senhor: Esta é a única vez que a expressão grega traduzida aqui como “Cristo, o Senhor” (khristós kýrios, lit.: “Cristo Senhor”) aparece nas Escrituras Gregas Cristãs. Pelos vistos, o anjo usou esses títulos de modo profético. Por isso, as suas palavras poderiam ser traduzidas como “que será Cristo, o Senhor”. (Veja a nota de estudo em que é Cristo neste versículo.) Pedro foi inspirado a explicar que Deus fez de Jesus “Senhor e Cristo”. (At 2:36) No entanto, a expressão khristós kýrios também é entendida de outras maneiras. Alguns estudiosos sugerem que a tradução seja “o ungido Senhor”. Outros acham que a combinação dos dois títulos, na verdade, significa “o Cristo do Senhor”, assim como aparece em poucas traduções de Lu 2:11 em latim e em siríaco. Algumas traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico (chamadas J5-8, 10 no Apêndice C4) seguem esse mesmo princípio e traduzem essa expressão como mashíahh Yehowáh, ou seja, “o Cristo de Jeová”. Por esses e outros motivos, alguns estudiosos entendem que aqui a expressão khristós kýrios tem o mesmo significado da expressão grega que aparece em Lu 2:26 e que foi traduzida como “o Cristo de Jeová”.
e, na terra, paz entre os homens a quem ele concede o seu favor: O texto grego de alguns manuscritos pode ser traduzido como “paz na terra, boa vontade para com os homens”, e algumas traduções da Bíblia seguem essa opção. Mas a opção usada na Tradução do Novo Mundo baseia-se em manuscritos mais antigos e mais confiáveis. O anúncio dos anjos não indicava que Deus expressaria a sua boa vontade a todos os humanos, não importando as suas atitudes e ações. Em vez disso, indicava que Deus mostraria a sua boa vontade aos que demonstrassem verdadeira fé nele e se tornassem seguidores do seu Filho. — Veja a nota de estudo em os homens a quem ele concede o seu favor neste versículo.
os homens a quem ele concede o seu favor: Ou: “os homens de boa vontade”. Em grego, anthrópois eudokías. A palavra grega eudokía também pode ser traduzida como “boa vontade; agrado; aprovação”. O verbo relacionado, eudokéo, é usado em Mt 3:17; Mr 1:11 e Lu 3:22, onde Deus fala com Jesus logo depois do seu batismo. (Veja as notas de estudo em Mt 3:17; Mr 1:11.) Esse verbo tem o sentido básico de “aprovar; agradar-se de; olhar com favor para; alegrar-se com”. Portanto, a expressão grega anthrópois eudokías refere-se a pessoas que têm a aprovação e o favor de Deus, e também poderia ser traduzida como “pessoas que ele aprova; pessoas que lhe agradam”. Os anjos não estavam a dizer que Deus concederia o seu favor aos homens em geral. Ele concederia o seu favor apenas aos que lhe agradassem, demonstrando verdadeira fé nele e tornando-se seguidores de Jesus. Embora em alguns casos eudokía possa referir-se à boa motivação de humanos (Ro 10:1; Fil 1:15), é usada com frequência para se referir ao que é aprovado por Deus ou ao que ele sente quando algo lhe agrada. (Mt 11:26; Lu 10:21; Ef 1:5, 9; Fil 2:13; 2Te 1:11) A Septuaginta também usa essa palavra no Sal 51:18 (50:20, LXX) para se referir à “boa vontade” de Deus.
aquilo que Jeová nos fez saber: A mensagem foi transmitida por anjos, mas os pastores reconheceram que a fonte dela era Jeová Deus. O verbo grego traduzido aqui como “fez saber” é usado em algumas passagens da Septuaginta para traduzir um verbo hebraico em contextos em que Jeová revela a sua vontade aos humanos ou em que humanos desejam saber qual é a vontade dele. O texto hebraico original dessas passagens, muitas vezes, usa o Tetragrama. (Sal 25:4; 39:4; 98:2; 103:6, 7) Assim, seria natural que as palavras desses pastores judeus incluíssem o nome de Deus. — Veja a nota de estudo em Lu 1:6, o Apêndice C1 e o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:15).
Jesus: Veja a nota de estudo em Mt 1:21.
o tempo para a purificação deles: Ou seja, o tempo de serem purificados de acordo com a Lei. A Lei mosaica exigia que, depois de dar à luz um menino, a mulher se purificasse durante 40 dias. (Le 12:1-4) Essa lei não tinha o objetivo de fazer com que as mulheres ou o parto fossem encarados de forma negativa. Em vez disso, pelos vistos, ensinava uma verdade muito importante: sempre que uma criança nascia, o pecado de Adão estava a ser transmitido de uma geração para a outra. Ao contrário do que dizem alguns religiosos, Maria também tinha herdado o pecado. (Ro 5:12) Mas Lucas sabia que o espírito santo tinha protegido Jesus contra o pecado e a imperfeição da sua mãe, Maria, e que, por isso, Jesus não precisava de ser purificado. (Lu 1:34, 35) Por isso, quando Lucas usou o pronome “deles”, neste versículo, ele não estava a incluir Jesus. Pode ser que ele estivesse a incluir José, o pai adotivo de Jesus, já que, como chefe de família, José cuidou dos assuntos relacionados com a viagem e tinha a responsabilidade de providenciar que o sacrifício fosse feito.
para o apresentar a Jeová: O versículo 23 mostra que os pais de Jesus o levaram ao templo em obediência às palavras de Jeová a Moisés em Êx 13:1, 2, 12, onde se ordenava que os pais ‘devotassem a Jeová todos os primogénitos do sexo masculino’. Além disso, a expressão “para o apresentar a Jeová” lembra o que é descrito em 1Sa 1:22-28, que diz que Samuel foi levado “perante Jeová” e dedicado ao seu serviço. — Veja as notas de estudo em Lu 1:6; 2:23 e o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:22).
na Lei de Jeová: A expressão “Lei de Jeová” ocorre muitas vezes nas Escrituras Hebraicas e é formada pela palavra hebraica para “lei” e pelo Tetragrama. (Por exemplo: Êx 13:9; 2Rs 10:31; 1Cr 22:12; 2Cr 17:9; 31:3; Ne 9:3; Sal 1:2; 119:1; Is 5:24; Je 8:8; Am 2:4.) A expressão assim como está escrito é usada muitas vezes antes de se citar uma passagem das Escrituras Hebraicas nas Escrituras Gregas Cristãs. — Mr 1:2; At 7:42; 15:15; Ro 1:17; 10:15; veja a nota de estudo em Lu 1:6 e o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:23).
Todos os primogénitos do sexo masculino: A passagem de Lu 2:22-24 não menciona apenas a oferta feita para a purificação de Maria (veja as notas de estudo em Lu 2:22, 24), mas também faz referência à lei que exigia um pagamento de cinco siclos de prata quando um casal tivesse o seu primeiro filho homem. Por ser o filho primogénito, Jesus era considerado santificado (posto à parte) para Deus e pertencia-lhe. Por isso, a Lei exigia que ele fosse remido, ou resgatado, pelos seus pais, José e Maria. (Êx 13:1, 2; Núm 18:15, 16) Segundo a Lei, o pagamento devia ser feito quando a criança tivesse ‘um mês de idade ou mais’. Portanto, José poderia pagar os cinco siclos na mesma ocasião da oferta de purificação de Maria, ou seja, 40 dias após o nascimento de Jesus.
Jeová: Esta citação baseia-se em Êx 13:2, 12. No texto hebraico original de Êxodo, aparecem as quatro letras hebraicas que formam o nome de Deus (que equivalem a YHWH). — Veja o Apêndice C1.
ofereceram um sacrifício: De acordo com a Lei mosaica, depois do parto, a mulher ficava impura durante um período de tempo. Quando esse período acabava, era necessário fazer uma oferta queimada e uma oferta pelo pecado para que fosse purificada. — Le 12:1-8.
na Lei de Jeová: Veja a nota de estudo em Lu 2:23 e o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:24).
Um par de rolas ou dois pombos novos: A Lei permitia que as mulheres pobres oferecessem duas aves, em vez de uma ave e um carneirinho (o que seria muito mais caro). (Le 12:6, 8) O facto de José e Maria terem oferecido aves nessa ocasião mostra que eles eram pobres. Isso prova que os astrólogos não visitaram Jesus quando ele era um recém-nascido, mas quando ele já era mais velho. (Mt 2:9-11) Se José e Maria já tivessem recebido os presentes caros dos astrólogos, eles não teriam nenhuma dificuldade em comprar um carneirinho para o sacrifício.
Simeão: Nome que vem de um verbo hebraico que significa “ouvir; escutar”. Assim como Zacarias e Elisabete, Simeão é chamado justo. (Lu 1:5, 6) Também é chamado devoto (em grego, eulabés), uma palavra usada nas Escrituras Gregas Cristãs para se referir a alguém cuidadoso e esforçado em assuntos relacionados com a adoração. — At 2:5; 8:2; 22:12.
o Cristo: Ou: “o Ungido; o Messias”. O título “Cristo” vem da palavra grega Khristós e corresponde ao título “Messias” (do hebraico Mashíahh). Tanto a palavra grega como a hebraica significam “ungido”. — Veja a nota de estudo em Mt 1:1 e a nota de estudo em o Cristo de Jeová neste versículo.
o Cristo de Jeová: Embora os manuscritos gregos disponíveis usem aqui a expressão ton khristón Kyríou (lit.: “o Cristo de Senhor”), há bons motivos para se usar o nome de Deus no texto principal. Nas cópias disponíveis da Septuaginta, essa expressão é usada para traduzir a expressão hebraica mashíahh YHWH, que significa “(o) ungido de Jeová” e aparece 11 vezes nas Escrituras Hebraicas. — 1Sa 24:6 (duas vezes), 10; 26:9, 11, 16, 23; 2Sa 1:14, 16; 19:21; La 4:20; veja o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:26).
Soberano Senhor: A palavra grega usada aqui, despótes, tem o sentido básico de “amo; senhor; dono”. (1Ti 6:1; Tit 2:9; 1Pe 2:18) Quando esta palavra é usada para se dirigir diretamente a Deus, como acontece aqui e em At 4:24 e Ap 6:10, é traduzida como “Soberano Senhor”, para transmitir a ideia de que Jeová é muito superior a qualquer outro “senhor”. Outras traduções usam expressões como “Senhor”, “Amo”, “Soberano” e “Governante de todos”. Muitas traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico traduzem despótes como ʼAdhonaí (Soberano Senhor), mas pelo menos duas dessas traduções (chamadas J9, 18 no Apêndice C4) usam aqui o nome de Deus, Jeová.
deixar o teu escravo ir: A palavra grega para “deixar ir” significa literalmente “libertar; soltar; dispensar”. Foi usada neste versículo como um eufemismo (uma forma mais suave de dizer algo) e, na verdade, significa “deixar morrer”. Morrer em paz podia significar morrer tranquilamente depois de uma vida plena ou depois de acontecer algo muito desejado. (Compare com Gén 15:15; 1Rs 2:6.) A promessa que Jeová tinha feito a Simeão tinha-se cumprido; ele tinha visto o prometido “Cristo de Jeová”, o meio de Deus dar a salvação. Agora, Simeão podia sentir-se tranquilo e em paz, e estava pronto para descansar na morte até ser ressuscitado. — Lu 2:26.
para remover o véu das nações: Ou: “para revelação às nações”. A palavra grega apokálypsis, traduzida aqui como “remover o véu”, transmite a ideia de algo revelado ou desvendado, e é usada com frequência para se referir à revelação de assuntos espirituais ou dos propósitos e da vontade de Deus. (Ro 16:25; Ef 3:3; Ap 1:1) O idoso Simeão referiu-se a Jesus como uma luz e indicou que o esclarecimento espiritual que Jesus traria beneficiaria as nações em geral, e não apenas os judeus e prosélitos. As palavras proféticas de Simeão estão de acordo com profecias das Escrituras Hebraicas como as de Is 42:6 e 49:6.
o levantamento: A palavra grega usada aqui, anástasis, normalmente é traduzida nas Escrituras Gregas Cristãs como “ressurreição”. (Veja a nota de estudo em Mt 22:23.) As palavras de Simeão neste versículo indicam que as pessoas reagiriam à pregação de Jesus de maneiras diferentes, revelando o que tinham no coração. (Lu 2:35) Para as pessoas que não acreditassem em Jesus, ele seria um sinal contra o qual se falaria, um objeto de desprezo. Essas pessoas sem fé iriam rejeitá-lo, tropeçariam por causa dele e cairiam. E isso realmente aconteceu. Conforme predito em Is 8:14, Jesus foi uma pedra de tropeço para muitos judeus. No entanto, outras pessoas exerceriam fé em Jesus. (Is 28:16) Elas seriam ‘levantadas’ (ressuscitadas de uma condição em que estavam ‘mortas por causa das suas falhas e pecados’) e passariam a ser consideradas por Deus como justas. — Ef 2:1.
uma longa espada: Não há nada na Bíblia que indique que alguém tenha literalmente ferido Maria com uma espada. Assim, tudo indica que esta expressão se refira à dor, ao sofrimento e à tristeza que Maria sentiria quando o seu filho fosse morto numa estaca. — Jo 19:25.
irá atravessar-te: Ou: “irá atravessar a tua própria alma; irá atravessar a tua vida”. — Veja o Glossário, “Alma”.
Ana: Em hebraico, esse nome significa “favor; graça”. Quando Ana falou sobre Jesus com todos os que aguardavam o livramento de Jerusalém, ela agiu como profetisa. “Profetizar” tem o sentido básico de declarar uma mensagem que Deus transmitiu, revelar a vontade de Deus. — Veja a nota de estudo em At 2:17.
Nunca estava ausente do templo: Ana estava sempre no templo. Ela talvez chegasse quando os portões eram abertos pela manhã e ficasse ali até à hora em que os portões eram fechados, no início da noite. O serviço sagrado que ela prestava incluía jejum e súplicas, mostrando que ela lamentava a situação que existia na sua época, assim como outros servos fiéis de Jeová tinham feito. (Esd 10:1; Ne 1:4; La 1:16) Há séculos que os judeus estavam debaixo do governo de outros povos, e a situação religiosa estava a piorar cada vez mais, afetando até mesmo os sacerdotes e o templo. Essa situação pode ajudar a entender porque Ana e outros estavam ansiosamente ‘a aguardar o livramento de Jerusalém’. — Lu 2:38.
prestando serviço sagrado: Ou: “adorando”. — Veja a nota de estudo em Lu 1:74.
Deus: Os manuscritos gregos mais antigos usam aqui a palavra Theós (Deus). No entanto, outros manuscritos gregos e traduções para o latim e para o siríaco usam uma expressão que significa “o Senhor”. Várias traduções das Escrituras Gregas Cristãs para o hebraico (chamadas J5, 7-17, 28 no Apêndice C4) usam aqui o nome de Deus. Portanto, a frase também poderia ser traduzida como “dar graças a Jeová”.
a Lei de Jeová: A expressão “Lei de Jeová” ocorre muitas vezes nas Escrituras Hebraicas e é formada pela palavra hebraica para “lei” e pelo Tetragrama. — Êx 13:9; 2Rs 10:31; 1Cr 22:12; 2Cr 17:9; 31:3; Ne 9:3; Sal 1:2; 119:1; Is 5:24; Je 8:8; Am 2:4; veja as notas de estudo em Lu 1:6; 2:23 e o Apêndice C3 (introdução e Lu 2:39).
voltaram para a Galileia: À primeira vista, essa declaração parece indicar que José e Maria foram diretamente para Nazaré depois de apresentarem Jesus no templo. Mas Lucas relatou esses acontecimentos de forma muito resumida. O Evangelho de Mateus conta em mais detalhes o que aconteceu (2:1-23) e menciona a visita dos astrólogos, a fuga de José e Maria para o Egito para escapar de Herodes, a morte de Herodes e a volta da família de Jesus para Nazaré.
os seus pais costumavam: A Lei não exigia que as mulheres comparecessem à celebração da Páscoa em Jerusalém. Mas Maria tinha o costume de acompanhar José na viagem até Jerusalém para essa festividade. (Êx 23:17; 34:23) Mesmo com a sua família a crescer, José e Maria continuavam a fazer a viagem todos os anos. O caminho passava por uma região montanhosa e o trajeto de ida e volta talvez fosse de quase 300 quilómetros.
subiram: Ou seja, subiram para Jerusalém. A subida até Jerusalém envolvia passar por muitas colinas e montanhas. — Veja a nota de estudo em Lu 2:4.
fazendo-lhes perguntas: A reação das pessoas que escutavam Jesus mostrou que as perguntas dele não eram apenas perguntas de um menino curioso. (Lu 2:47) A palavra grega traduzida como ‘fazendo perguntas’ pode referir-se, em alguns contextos, ao tipo de perguntas e interrogatórios usados numa investigação judicial. (Mt 27:11; Mr 14:60, 61; 15:2, 4; At 5:27) Historiadores dizem que alguns dos líderes religiosos mais importantes costumavam permanecer no templo depois das festividades e ensinar num dos pórticos espaçosos que havia ali. As pessoas podiam sentar-se aos pés daqueles homens para escutá-los e fazer perguntas.
ficavam admirados: No grego, o tempo verbal usado aqui pode indicar que eles ficaram espantados várias vezes ou que ficaram espantados o tempo todo.
ele disse-lhes: As palavras que Jesus disse em resposta aos seus pais são as primeiras palavras dele registadas na Bíblia. Tudo indica que, nessa idade, Jesus não estava completamente a par da vida que tinha tido no céu. (Veja as notas de estudo em Mt 3:16; Lu 3:21.) No entanto, é razoável acreditar que o pai adotivo e a mãe de Jesus lhe tivessem contado o que os anjos tinham dito e o que Simeão e Ana tinham profetizado quando a família foi a Jerusalém, 40 dias depois do nascimento dele. (Mt 1:20-25; 2:13, 14, 19-21; Lu 1:26-38; 2:8-38) A resposta de Jesus indica que ele sabia, pelo menos até certo ponto, que o seu nascimento tinha sido milagroso e que a relação que ele tinha com o seu Pai celestial, Jeová, era especial.
eu devia estar na casa do meu Pai: A expressão grega traduzida aqui como “na casa do meu Pai” significa literalmente “nas [coisas] do meu Pai”. O contexto mostra que José e Maria estavam preocupados porque não sabiam onde Jesus estava. Por isso, parece mais lógico que Jesus estivesse a falar de um lugar, ou seja, “a casa [morada; pátios]” do Pai dele. (Lu 2:44-46) Mais tarde, durante o seu ministério, Jesus referiu-se especificamente ao templo como a “casa do meu Pai”. (Jo 2:16) No entanto, de acordo com alguns estudiosos, esta expressão poderia ser entendida de maneira mais ampla e significar “eu preciso de estar ocupado com as coisas do meu Pai”.
ele desceu: Jerusalém ficava cerca de 750 metros acima do nível do mar. A expressão “ele desceu” é usada aqui para indicar que ele saiu de Jerusalém. — Lu 10:30, 31; At 24:1; 25:7; compare com as notas de estudo em Mt 20:17; Lu 2:4, 42.
continuou a estar-lhes sujeito: Ou: “continuou submisso; continuou obediente”. No grego, o tempo verbal usado aqui indica uma ação contínua. Assim, depois de ter deixado os instrutores do templo impressionados com o seu conhecimento da Palavra de Deus, Jesus foi para casa e continuou humildemente sujeito aos seus pais. Essa obediência era mais importante do que a de qualquer outra criança, pois Jesus tinha de obedecer aos pais para cumprir plenamente a Lei mosaica. — Êx 20:12; Gál 4:4.
declarações: Ou: “coisas”. — Veja a nota de estudo em Lu 1:37.
Multimédia
Otávio, que ficou conhecido como César Augusto, foi o primeiro imperador romano. Ele foi adotado pelo ditador romano Júlio César e passou a chamar-se Caio Júlio César Otaviano (Otávio). O seu pai adotivo foi assassinado em 44 AEC. Depois de muita disputa, Otaviano, por fim, tornou-se o governante do Império Romano em setembro de 31 AEC. No dia 16 de janeiro de 27 AEC, o Senado romano deu-lhe o título “Augusto”. No ano 2 AEC, Augusto emitiu um decreto que exigia que todos os habitantes do Império Romano se registassem, cada um “na sua própria cidade”. (Lu 2:1-7) Foi por causa desse decreto que Jesus nasceu em Belém, assim como tinha sido profetizado. (Da 11:20; Miq 5:2) Para se homenagear a si mesmo, Augusto deu o seu nome ao mês de agosto. E foi justamente nesse mês que César Augusto morreu, no dia 17 de agosto de 14 EC (dia 19, de acordo com o calendário juliano). A escultura de bronze que aparece aqui foi datada de entre os anos 27 e 25 AEC e está exposta no Museu Britânico.
Não é possível que Jesus tenha nascido em dezembro, porque o clima em Belém costuma ser frio e chuvoso de novembro a março. No inverno, até pode nevar nessa região. Nessa época do ano, os pastores não estariam a viver ao ar livre, vigiando os seus rebanhos nos campos à noite. (Lu 2:8) Belém fica a cerca de 780 metros de altitude, na região montanhosa da Judeia.
A palavra grega traduzida em Lu 2:7 como “manjedoura” (fátne) significa “lugar de alimentação”. Na Palestina, arqueólogos encontraram grandes comedouros escavados em blocos de pedra calcária que, pelos vistos, eram usados como manjedouras. Esses comedouros têm cerca de 90 centímetros de comprimento, 50 centímetros de largura e 60 centímetros de altura. Pode ser também que, assim como em tempos mais recentes, as pessoas escavassem manjedouras nas paredes das cavernas usadas para abrigar animais.
De acordo com a Lei mosaica, quando uma criança nascia, a sua mãe devia oferecer um carneirinho como oferta queimada e um pombo novo ou uma rola como oferta pelo pecado. No entanto, se a família fosse pobre, como era o caso de José e Maria, podia oferecer duas rolas ou dois pombos novos, um deles como oferta queimada e o outro como oferta pelo pecado. (Le 12:6-8) A rola (Streptopelia turtur) mostrada aqui (1) é encontrada na Europa, no norte de África, no oeste da Ásia e também em Israel. Todos os anos, durante o outono, essa ave migra de Israel para países mais quentes (no sul) e volta apenas na primavera. A outra ave que aparece aqui (2) é o pombo-das-rochas (Columba livia). É encontrada no mundo inteiro e normalmente não migra.
Esta fotografia foi tirada do alto de um monte próximo de Nazaré e mostra a vista para o sul. O vale que se estende de leste a oeste é o vale de Jezreel. (Jos 17:16; Jz 6:33; Os 1:5) Esse vale fértil foi palco de vários acontecimentos importantes citados na Bíblia. Um pouco mais ao fundo, à esquerda, está a colina de Moré, com a aldeia de Nein na sua encosta. Antigamente, era ali que ficava a cidade de Naim, onde Jesus ressuscitou o filho de uma viúva. (Jz 7:1; Lu 7:11-15) Bem ao fundo, está o monte Gilboa. (1Sa 31:1, 8) Visto que Jesus cresceu em Nazaré, é possível que ele tenha vindo ao monte em que esta fotografia foi tirada, de onde poderia ver vários locais importantes da história de Israel. — Lu 2:39, 40.